Escrevendo através da máscara

Com a fantasia, liberte sua voz das inibições e deixe suas memórias se revelarem.

Mesmo que hoje em dia você não brinque o carnaval como quando era criança… mesmo que nunca tenha brincado… mesmo que hoje em dia tenha adotado a tradição do Halloween ou, em algum momento da sua infância, tenha se fantasiado para uma festa junina ou peça de teatro na escola… Vamos combinar a idéia emprestada do teatro grego, colocar uma máscara e escrever do ponto de vista desta persona. Seja através da máscara do pierot, da columbina, do gênio da lâmpada maravilhosa, da princesa, do homem aranha ou do índio, certamente diríamos coisas que jamais teríamos coragem de expressar sem ela.

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Já pensei até em simplesmente digitar no Word e deixar lá, no cantinho, e depois ver o que eu faria.

Este pode ser um começo. Mas pense assim: o que EXATAMENTE você deseja escrever? Um conto? Uma biografia? Romancear suas experiências? Acho que este é o começo. Escrever um romance é um projeto. Tem que planejar. Esta história que a gente ouve às vezes de um escritor dizer…”há… sei lá… minhas personagens têm vida própria… eu só escrevo” isto é bobagem. Isto é falta de profissionalismo. Perda de tempo. Assim, escrever no Word pode ser um começo para colocar suas idéias em ordem. Mas depois de escrever, não deixe no cantinho. Toque adiante. Às vezes é difícil. Muito difícil.

Sou formada em Letras, tenho uma certa facilidade em escrever mas não sei se teria capacidade para escrever um livro.

Se você é formada em letras, metade do problema, pelo menos, já está resolvido. Pelo menos intelectualmente você domina a técnica de escrever. De resto, é não podemos confundir criatividade, técnica, experiência, cultura e bom senso. São coisas diferentes, mas você vai usar todas elas quando for escrever.

Existem vários artigos aqui no Parágrafo que podem ajudar a vencer a inércia. Nessas horas a técnica é nossa aliada!

Gostaria tanto de colocar minhas experiências no papel. Não que a minha vida seja tão importante mas tenho algumas coisas para colocar para fora e não sei como fazer.

Sua vida é importante pois é única. Mas ser única e interessante não é tudo. Ela precisa ser colocada no papel de forma atraente. Lembre sempre que, independente do tema ou do estilo, quando seu livro estiver pronto, registrado, diagramado, impresso, distribuído e tiver chegado nas prateleiras das livrarias, os leitores ainda vão ter que compra-lo. Quando o livro estiver na casa do seu leitor estará concorrendo pela atenção do seu público com o Faustão, Gugu Liberato, Silvio Santos, Fantástico, Adriane Galisteu e outras tantas centenas de bobagens. É destas “anomalias” que precisamos resgatar os leitores para que eles leiam nossos livros.

Ultimamente tenho tido idéias, mas não tenho conseguido expressá-las. Ando meio perdido.

Quando isto acontecer pegue qualquer um… qualquer mesmo… pedaço de papel. Serve guardanapo, saco de pão, pedaço de caixa… escreva na palma da mão… peça para alguém ajudar a lembrar, use um gravador. O melhor momento para anotar uma idéia, mesmo quando a gente acorda de madrugada, “sonado”, é no momento em que você teve a idéia. Naquele instante. Caso contrário a coisa passa.

Só de brincadeira, guardei algumas anotações que fiz em um rolo de máquina de calcular, daquelas antigas. Não tinha nada por perto… é verdade que também não tinha ninguém olhando… e fui anotando, anotando, quase o rolo inteiro. Quando cheguei em casa minha esposa ficou olhando aqueles sete metros de tira de papel inteiro rabiscado, dos dois lados e só deu uma risadinha. Ela me conhece.

Ela mesma já me ajudou a recordar de algumas idéias quando simplesmente não era possível anotar (sei lá, funeral, batismo, casamento, audiência). Independente da forma, o que importa é o resultado. Aquela tira de papel de máquina de calcular virou um livro (Revessa).

Algumas dessas idéias que saem assim, de roldão, vão ser descartadas. Outras você vai usar. E não importa se na hora sai um monte de frases desconexas. Vá anotando. Vá desenvolvendo. Às vezes um perfil de personagem fica misturado com um pedaço do enredo e assim por diante. Mas deixe claro “o que” é “o que”. Caso contrário dentro de uma semana nem os santos vão entender o que você escreveu. Isto também já aconteceu comigo.

Mas, independente de onde se anote idéias, cenas, perfis e conceitos não existe fórmula “para por para fora” as idéias. A melhor que eu conheço é anotar. E ir refinando as coisas com o tempo. Com prática as idéias vão saindo mais acabadas, prontas, refinadas e você já descarta de cara os temas que tem certeza que não vai aproveitar.

Às vezes na escola fui elogiado por escrever algumas narrações que escrevi. Eu tenho talento pra escrever?

A julgar pela forma como você formulou a pergunta, pela repetição do verbo “escrever”, eu arriscaria um palpite: Não. Você não tem talento. Ou não tem atenção. Ou não revisa seus textos.

A primeira lição é atenção ao detalhe e nunca repetir a mesma palavra na mesma frase, se possível, nem mesmo na mesma página. A segunda é persistência com a primeira. Lembre que talento é 99% trabalho.

Terminei meu livro. Quero publicar. Como devo mandar o livro para as editoras? E para quem?

A não ser que você tenha uma agente literária, a alternativa é fazer várias cópias e mandar para as editoras que se enquadrem no perfil da sua obra. Vá em uma boa livraria e passe algum tempo anotando nomes e endereços de editoras que estejam publicando livros no mesmo estilo do seu.

Na primeira vez em que mandei um livro inédito para uma editora fiz capa colorida, mandei por DHL, tentei desenvolver uma espécie de relacionamento pessoal e só perdi tempo e joguei dinheiro fora. Eles preferem se manter no anonimato para justamente fugir às cobranças de autores que, como eu, ficamos até 8 meses sem ter qualquer resposta das editoras. Algumas ainda se dão ao trabalho de mandar uma cartinha acusando o recebimento do original. Outras simplesmente ignoram.

Acho interessante visitar os sites das editoras nas quais você está interessado. Procure informações sobre o formato correto para mandar seu texto. Com freqüência as exigências variam de editora para editora. Algumas não querem receber o livro inteiro. Preferem que você mande, por exemplo, as 20 primeiras páginas, as 10 últimas e um resumo de uma página. Outras preferem o livro completo. Por estas (e outras) faça um contato rápido por e-mail ou telefone e tire todas as dúvidas.

Já quanto à questão de “para quem”, é um problema: até hoje não consegui descobrir uma das grandes editoras que revele o nome de alguém para quem mandar originais. Eles não querem ser incomodados. Não vou mentir: o processo de seleção é arcaico, atrasado, bitolado e absolutamente injusto. O que existe é a mais absoluta falta de consideração pelos autores no Brasil. Prevalece indicação e favoritismo. Nepotismo grassa livremente. Obras primas ficam relegadas ao fundo de gavetas e ao latão de lixo. Ter seu primeiro livro publicado por uma grande editora, de cara, até pode acontecer, mas envolve também muita sorte.